Bundesligue-se

Bundesligue-se

Ouça o resumo aqui:

Na última década, apostar é fácil: vão chegar às finais Flamengo, Palmeiras e talvez um ou outro que surja de surpresa. E olha que apostar, se oficializou como o jogo mais lucrativo dentro desse jogo! Será que o Brasileirão vai virar (e perder a graça como) a Bundesliga?

No Brasil, que se autointitulou o ‘O País do Futebol’ e talvez tenha sido mesmo por todos esses anos não somente pelos 5 títulos de Copa, mas também por uma coisa rara nas principais ligas mundiais: a flutuação de probabilidades.

Contudo, somente aqui, pudemos ter um clube campeão da Copa do Brasil em um ano, rebaixado neste mesmo ano e, portanto, disputando Série B e Libertadores na temporada seguinte. E isso se repetiu, mas com o clube em questão sendo campeão de Copa já disputando a Segundona.

Poderíamos dizer então: o Brasileirão corre o risco de virar e perder a graça tal como a Bundesliga?

Só aqui, temos arrancada de último lugar para classificação para competição continental. Somente o Brasil proporciona um time tido como ruim sendo campeão de algo grande. Só no Brasil, tivemos o ‘Clube dos 13’, formado por 13 clubes que iam de tradicionais à gigantes.

Em qualquer outra liga, temos poucas opções (considerando muitas vezes a tradição de outrora, mas também a organização atual, que em suma, costuma surpreender). Itália? 3 ou 4 times chegando ao fim da temporada podendo ser campeões. Inglaterra?

O dito ‘Big Six’ sofre constantemente com dúvidas, que o resumem ultimamente a 2 ou 3 no que interessa. França? Piada! Espanha? Os 2 de sempre e raramente um azarão. Portugal? Sempre os mesmos 3, que se revezam em qual está pior.

Agora, Alemanha? Há! Chegamos! Ali, quando não dá Bayern, é porque alguma coisa está errada. Isso nos faz refletir: será que o Brasileirão vai se transformar e perder o encanto como a Bundesliga?

Deus me livre de um futebol chato assim, mas é o que (já) estamos tendo.

Como manter nossa imprevisibilidade, quando um clube fecha patrocínio de 280 milhões de reais por temporada e na semana seguinte, enfia 8 a 0 num pobre coitado? Como não adivinhar que um clube que recebe dinheiro ‘infinito’ (e sabe-se bem como gerado), estará em todas as finais, com aquele discurso batido de que ‘se organizou para isso’?

Se hoje um bom jogador (mas jamais um ‘craque) custa o que custa e se um único clube é capaz de montar um elenco gastando quase R$ 300 milhões – em uma só janela de transferências – quanto custariam um Pelé, um Ronaldo, um Ronaldinho, um São Paulo de 92/93, uma Seleção Brasileira de 1970?

Muitos questionamentos surgem dessa megalomania. Desde a origem ética de tanto dinheiro, à inflação dos valores de jogadores (que muitas vezes, nem são tão absolutos assim), à quanto se poderia realizar na sociedade com tantos zeros em questão, chegando à… qual a graça de ver sempre o mesmo por cima?

Pra mim, nenhuma! E isso, não fortalece, mas sim, enfraquece a liga, que passa a ser cada vez mais número, mais imagem, mais plástico, mas fake. Não se trata de saudosismo, mas sim de um alerta.

Estamos rumando a um colapso. Financeiro, ético, moral, esportivo.

E não, não se trata de inveja, ou dor de cotovelo. Contudo, apesar das dívidas absurdas tidas por administrações soberbas e tapadas, o meu time (que não é nenhum dos dois que hoje estão no topo da Cadeia Alimentar financeira) tem uma história tão grande quanto – e foi a pouco campeão, e ainda por cima, sobre ambos.

Trata-se de gostar mais do tal Soccer, do que de Banco Imobiliário ou Monopoly.


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